Influenza (gripe) – Sintomas e Prevenção
A influenza é uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório.
É de elevada transmissibilidade e distribuição global,
com tendência a se disseminar facilmente em epidemias sazonais e pode
causar pandemias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
estima-se que a ocorrência de casos da influenza varia de leve a grave
e pode levar ao óbito. A hospitalização e morte ocorrem principalmente
entre os grupos de alto risco. Em todo o mundo, estima-se que estas
epidemias anuais resultem em cerca de 3 a 5 milhões de casos de doença
grave e de cerca de 290.000 a 650.000 mortes
A doença é uma infecção respiratória aguda, causada pelos vírus A, B,
C e D. O vírus A
está associado a epidemias e pandemias, tem comportamento sazonal e
apresenta aumento no número de casos entre as estações climáticas mais
frias. Habitualmente em cada ano circula mais de um tipo de influenza
concomitantemente (exemplo: influenza A (H1N1) pdm09, influenza A
(H3N2) e influenza B). Dependendo da virulência das cepas circulantes,
o número de hospitalizações e mortes aumenta substancialmente, não
apenas por infecção primária, mas também pelas infecções secundárias
por
bactérias.
A infecção pode levar ao agravamento e ao óbito, especialmente nos
indivíduos que
apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da
infecção (crianças menores de 5 anos de idade, gestantes, adultos com
60 anos ou mais, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e
outras condições clínicas especiais).
A gravidade da doença é maior quando surgem cepas pandêmicas, para as quais a
população tem pouca ou nenhuma imunidade.
A influenza (gripe) apresenta sintomas bem parecidos com os da
Covid-19 e a transmissão ocorre da mesma forma. Neste sentido, as
ações de imunização são de extrema importância para proteção contra a
doença, além das medidas já adotadas para prevenção da Covid-19, e que
devem ser mantidas para prevenção de ambas. Para esclarecer algumas
dúvidas sobre sintomas e prevenção da doença, convidamos o
infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da
Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Marcio
Nehab.
Como prevenir a gripe (influenza)?
Marcio: A imunização é a forma mais eficaz de prevenção contra a gripe
e suas complicações. A vacina é segura e é considerada uma das medidas
mais eficientes para evitar casos graves e óbitos pela doença. Ela é
capaz de promover imunidade durante o período de maior circulação do
vírus e a detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três
semanas após a vacinação e, em média, confere proteção de seis a doze
meses, sendo que o pico máximo de anticorpos ocorre após quatro a seis
semanas da vacinação. Além do imunizante, é preciso seguir as regras
de proteção de qualquer tipo de infecção respiratória, como a da
Covid-19, que incluem:
• Manter a distância de 1,5 metros das outras pessoas;
• Higienizar as mãos com frequência. Lave com água e sabão ou use
álcool gel 70%;
• Utilização correta das máscaras cobrindo a boca e o nariz;
• Adotar hábitos saudáveis, alimentar-se bem e manter-se hidratado;
• Não compartilhar utensílios de uso pessoal, como toalhas, copos,
talheres e travesseiros;
• Evitar frequentar locais fechados ou com muitas pessoas.
Quais os principais sintomas da gripe (influenza)?
Marcio: Febre; dor de garganta; tosse; dor no corpo; dor de cabeça,
calafrios; secreção nasal excessiva e prostração. No adulto, o quadro
clínico em pessoas saudáveis pode variar de intensidade. Nas crianças,
a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de
aumento dos linfonodos cervicais e podem fazer parte os quadros de
bronquiolite ou bronquite, além de sintomas gastrointestinais.
Qual o tratamento da influenza? Como saber se o quadro é grave e
quando devo procurar um serviço de emergência?
Marcio: O tratamento da gripe é feito, principalmente, com o objetivo
de aliviar os sintomas e ajudar o corpo a se recuperar mais rápido.
Uma vez com gripe, deve-se procurar assistência médica para avaliação
clínica e tratamento adequado, além da ingestão de líquido, o
suficiente para evitar a desidratação, descansar e evitar contato com
outras pessoas, por conta da transmissão. É preciso ficar atento aos
sinais de gravidade, como:
• Falta de ar e dificuldade para respirar;
• Dor ou pressão no peito ou estômago;
• Sinais de desidratação, como tonturas ao ficar de pé ou não urinar;
• Confusão mental.
Nas crianças, os sinais de alerta são:
• Respiração rápida ou dificuldade para respirar;
• Pele azulada (cianose) ou acinzentada;
• Não tem lágrimas ao chorar (em bebês);
• Vômito acentuado ou persistente;
• A criança não acorda ou não apresenta sinais de interação (fica apática);
• Irritabilidade;
• Febre com erupção cutânea e tosse persistente.
A vacina da gripe causa gripe?
Marcio: A vacina da gripe usa vírus inativado (morto) em sua
composição, portanto, NÃO é possível que provoque a doença. É
importante destacar que a função da vacina é prevenir. Sendo assim, se
a pessoa que foi vacinada já estiver infectada, vai desenvolver a
doença. Por essa razão é tão importante se vacinar antes do início da
temporada da gripe. Os eventos adversos mais comuns após essa
vacinação são: dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação. Febre
baixa, dor de cabeça e muscular também podem acontecer.
A mãe que estiver com a influenza pode continuar amamentando o seu bebê?
Marcio: As mães podem continuar amamentando. Mulheres que estão
grávidas ou que amamentam podem tomar a vacina normalmente,
independentemente da idade gestacional. No entanto, a aplicação do
imunizante só deve ser feita após a autorização do obstetra.
Como vou proteger meu bebê que acabou de nascer e só pode receber a
vacina da gripe aos seis meses de vida?
Marcio: Os bebês que nascem de mães vacinadas durante a gestação
herdam anticorpos que permanecem por alguns meses após o nascimento.
Mas, se a mãe não se vacinou na gravidez, ainda pode transferir seus
agentes protetores pelo leite materno após se vacinar. Lembramos que a
vacina também está disponível na campanha para mulheres no puerpério
(até 45 dias após o parto). As demais pessoas que mantêm contato
frequente com o bebê — mães após o puerpério, pais, irmãos, avós e
babás, por exemplo — também devem estar em dia com a vacinação contra
a gripe e outras doenças infectocontagiosas, para reduzir os riscos de
transmissão ao recém-nascido.
As crianças estão mais propícias a sofrerem com essa doença? Por quê?
Marcio: Como as crianças pequenas convivem em ambientes fechados em
parte significativa do tempo, a transmissão do vírus entre elas fica
facilitada. Os bebês não amamentados ao seio são mais propensos a
pegar a gripe do que os bebês que são amamentados.
A criança pode ser vacinada se tiver gripada?
Marcio: O imunizante está contraindicado para pessoas com alergia
grave (anafilaxia), a algum componente da vacina ou a dose anterior.
Quanto tempo dura o período de contágio da doença?
O período de incubação do vírus é de três a cinco dias, quando começa
a manifestação dos sintomas. Porém, também é possível que uma pessoa
tenha a doença de uma forma assintomática, sem apresentar nenhuma
reação. Durante o período de incubação ou em casos de infecções
assintomáticas, o paciente também pode transmitir a doença. O período
de transmissão do vírus em crianças é de até 14 dias, enquanto nos
adultos é de até sete dias. A doença pode começar a ser transmitida
até um dia antes do início do surgimento dos sintomas. O período de
maior risco de contágio é quando há sintomas, sobretudo febre.
Publicado em Quarta, 08 Dezembro 2021 11:15Escrito por Suely Amarante
(IFF/Fiocruz)